Mind the gap* - O milagre sul-coreano no esporte
A Coreia do Sul era um país muito mais pobre do que o Brasil em 1966,
quando construiu o seu primeiro centro de treinamento olímpico, que
hoje abriga 21 modalidades.
Até aquela data, o país asiático tinha míseras nove medalhas olímpicas, duas a menos do que o Brasil na mesma época.
Hoje, os sul-coreanos têm 232 medalhas, e os brasileiros apenas 97.
Em Londres, enquanto o Brasil só cai no quadro geral, os sul-coreanos terminaram o oitavo dia na quarta colocação geral.
Mais impressionante foi a evolução do país, hoje um dos mais desenvolvidos do mundo, na Olimpíada de inverno.
Em 1966, quando criou seu primeiro centro de treinamento, a Coreia do
Sul nunca havia ido ao pódio. Na última edição, em Vancouver, há dois
anos, foi a quinta colocada no quadro geral de medalhas.
É verdade que o tigre asiático se especializou em ganhar medalhas em
modalidades pouco populares, como tiro com arco e esgrima. Mas o país
também é competitivo em esportes coletivos e, em Londres, ganhou duas
pratas na nobre natação.
A evolução sul-coreana não tem nada de milagre. Enquanto o Brasil
continua sem um verdadeiro centro de treinamento nacional, o país
asiático tem três --um até com pista de atletismo na altitude.
E investe pesado na organização de eventos.
Nos próximos seis anos, a Coreia do Sul vai sediar os Jogos Asiáticos, a
Olimpíada Universitária e também os Jogos de inverno de 2018. Haja
fôlego.
(*): Mind the gap - expressão que eh dita em algumas estações do metrô de Londres, para chamar a atenção do espaço que existe entre o vagão e a plataforma.
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Seleções femininas do Brasil exageram nos questionamentos internos e esquecem adversários
Alguns atletas não dormiram depois de competirem em Londres. Lógico que
ninguém vai para uma Olimpíada para perder. Por isso, quando a derrota
acontece, a angústia se torna uma sombra. E o pior é quando a derrota
acontece sem o atleta dar o seu máximo. Essa é a pior frustração: o
atleta saber que ele não fez o que poderia.
Sim, existem dois tipos de derrotas. Uma em que você fez o seu melhor,
mas o seu adversário se superou. Nesse caso, você não perdeu,
simplesmente o seu adversário ganhou.
Um belo exemplo desse tipo de derrota aconteceu na Olimpiada de
Sydney-2000, em que Grant Hackett ganhou a medalha de ouro na prova dos
1.500 metros livre sobre Kieren Perkins. Esse último era um veterano com
uma história de grandes vitórias, mas foi vencido pelo novo fenômeno
Hackett.
Ao ser entrevistado sobre como se sentia por perder a medalha de ouro,
ele respondeu: “Eu estou triste por não ter ganhado o ouro, pois eu vim
para ganhar o ouro, mas satisfeito com o meu trabalho, porque eu bati o
recorde dessa prova. O problema é que o Hackett teve uma performance
ainda melhor”.
Nesse tipo de derrota, o atleta tem claro que ele fez o seu máximo, mas o outro foi além.
O segundo tipo de derrota é aquele em que o atleta não apareceu para
competir e o adversário simplesmente passou para buscar a vitória.
Em algumas derrotas do Brasil, nossos atletas não apareceram para
lutar, e o adversário simplesmente ganhou sem precisar dar o seu máximo.
Um atleta perde a sua força máxima quando começaa a conversar consigo
mesmo em vez de competir. Há atletas que ficam fazendo perguntas para si
mesmos que começam com a palavra ‘será’. Será que eu vou ganhar? Será
que eu deveria ter treinado no exterior? Será que eu vou perder? Será
que eu deveria ter trocado de treinador?
E depois, ele troca de palavras e começam as perguntas ‘e se?’ E se nós
formos desclassificados? E se eu cair durante a prova? E se eu for
vaiado? E se eu perder a partida?
Quando começam esses diálogos internos durante a competição, a confusão
fica tão grande que o atleta briga consigo mesmo em vez de lutar com o
adversário.
Nesses casos, o que geralmente acontece é que o atleta já chega na vila
olímpica pensando mais na derrota do que em como ganhar a prova. E
então começa a passar um filme na mente do atleta, sobre o que ele
deveria ter feito de diferente durante a sua preparação, e esse
questionamento vai aumentando dia após dia até que, no dia do jogo, a
energia vai embora.
PS: Esse artigo foi escrito durante a etapa de classificação, onde a seleção de volei chegou a correr um sério risco de não passar a fase seguinte.
PS: Esse artigo foi escrito durante a etapa de classificação, onde a seleção de volei chegou a correr um sério risco de não passar a fase seguinte.
SELEÇÃO DE FUTEBOL NA BALADA
-
- Neste sábado, apareceu uma foto das atletas do futebol se
divertindo em uma balada e eu me lembrei de um comentário do falecido
técnico Telê Santana sobre os seus atletas saírem para dançar depois de
uma derrota: "Eles têm todo o direito de se divertir como qualquer ser
humano, mas se depois de um jogo decisivo eles ainda tiverem energia
para dançar, aconteceu alguma coisa errada na dedicação desses atletas
durante o jogo. Atleta de futebol que deu o sangue na partida não
consegue sair de casa".
Alguns sets da nossa equipe feminina de vôlei têm sido assim. De
repente, elas pararam de jogar contra a Turquia e começaram a brigar
para responder essas perguntas. Algumas atletas começam a brigar consigo
mesmas enquanto o jogo está acontecendo.
No futebol feminino, então, em alguns momentos pareceu que as atletas trouxeram o corpo, mas não a alma para o campo.
Na sexta-feira, a seleção feminina de basquete teve atletas que ficaram
muito mais pensando no que falar para a imprensa no caso de derrota do
que lutar pela bola.
Geralmente nessas situações, a angústia vai aumentando e ninguém tem coragem de acordar o time para começar o jogo.
Para quem ainda está nos Jogos é ter foco total na partida, e para quem
já está de volta para casa é preciso que cada um assuma a
responsabilidade por seus erros, para que o futuro seja melhor do que
foram esses Jogos Olímpicos.
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